VESTIR É COMUNICAR

Moda

Essa eterna vontade de olhar pro passado é real?

Não é a primeira vez que você vê uma bota branca rodando por aí como elemento fashion. Não é, também, a primeira vez que a gente cria amor pela cintura alta e a os acessórios em correntaria. Esses são os chamados ciclos da moda ou moda cíclica.

Isso tudo já nos foi oferecido como moda há algum tempo atrás, e assim como é o ciclo da vida: Elas passaram. Mas é legal revisitarmos esse passado da moda para entender como fazer bom uso e melhores escolhas de compra quando a próxima tendência vintage aparecer em sua versão “hype”. Vem comigo que eu vou te ajudar!

A primeira coisa que a gente sente quando chega uma novidade na nossa frente, pode ser um certo estranhamento. Com o tempo acostumamos e desejo de consumo começa a surgir, isso é neurológico, você não controla. O que está sob seu controle é a ação após o desejo de consumo. E por isso é importante sabermos que esses ciclos da moda existem porque ela mesma está em um constante processo de evolução e entendimento dos fatos sociais.

Tudo, tudo, tudo o que a indústria produz, reflete um COMPORTAMENTO. E por isso você precisa pensar no significado de cada peça, de cada oferta, para contextualizar esse comportamento na sua vida, no seu universo e principalmente no seu estilo. Se não faz sentido, não use. Simples assim.

15D499EC 3A2C 46DB AE60 AE4338E41DB4 609D0371 7EBE 4B8A BB57 1A892F12D32F

Processed with VSCO with 6 preset

Hoje eu acho que algumas coisas voltaram com tanta força que não serão tendências passageiras, ficarão como produtos perenes oferecidos pelas marcas para aquela sua parcela de público que o consome independente de ser trendy, com é o caso da calça cintura alta e o mom jeans. Não vejo mais uma marca de jeans não fabricar esse modelo, apesar de termos na cultura brasileira um gosto pela sensualidade, aprendemos que de modo geral essa modelagem de calça nos valoriza muito mais que a cintura baixa (ela fica bem em pessoas muito magras, mas ainda é uma saída para equilibrar a silhueta de pessoas com tronco muito mais curto que as pernas). 

Da mesma forma, vimos a camisa jeans “voltar” com tudo há uns 4/5 anos atrás (lembro que foi no começo da minha transição de carreira) e de lá pra cá ela não teve mais a saída de cena, está perene pois acredito que, no contraponto do consumismo absurdo que vivemos, as pessoas estão se entendendo mais e usando peças atemporais com mais propriedade, daí o fato de uma camisa jeans clássica ter voltado e ficado, ao invés de cair na boca do povo como “brega”. Esse termo era muito usado para mencionar uma peça de roupa que estivesse fora de moda, o que hoje em dia, está muito mais relacionado ao corte e às vezes o tecido utilizado na fabricação, do que na identidade da peça em si.

André Carvalhal, meu muso inspirador da moda sustentável fala muito em seu livro MODA COM PROPÓSITO que esses ciclos da moda são, na verdade, meio que um grito de desespero da indústria que, tão pressionada a produzir loucamente 52 coleções no ano (entre numa Fast fashion na segunda-feira e volte no final da semana que você vai ver como tudo mudou), acaba perdendo o seu poder criativo e precisa resgatar itens do passado como solução de manter o consumo em alta, e assim a mídia vai e dá aquela forcinha para que as pessoas acreditem ser “must have” e comprem novamente aquilo que já tiveram um dia.

Por outro lado, historicamente falando, os gregos já diziam que o tempo é cíclico, sem começo nem fim,  mas uma permanente sequência de ciclos repetitivos. O seu movimento circular contínuo é caracterizado pelo perpétuo retorno de momentos. Isso significa que a história não comporta nenhum fato único. Pelo contrário, a história é marcada pela reedição de acontecimentos passados e isso, portanto, influencia diretamente na moda, que é uma forma de expressar os comportamentos sociais ao longo dos séculos.

Assim, não seria – apenas – um problema de criatividade e produção em massa, mas novamente um reflexo dos comportamentos sociais que, em se repetindo, nos levam a usar as mesmas roupas porém com alguns toques de atualidade.

Você concordam toda essa reflexão? 

One response

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Abrir conversa.
Olá em que posso te ajudar?