O reinado mais longo da história da Inglaterra tem muito a nos ensinar sobre branding pessoal

Em 2022 mais um capítulo turbulento tem sido escrito na história da família real britânica. Seja com Harry e seus discurso rebelde lutando por manter direitos reais para uma vida comum, seja pelo príncipe Andrew e os escândalos envolvendo pedofilia nos Estados Unidos. Entretanto, o reinado mais longo da história da Inglaterra tem muito a nos ensinar sobre branding pessoal e hoje quero compartilhar 3 lições de marca pessoal com a Rainha Elizabeth II.

A despeito da comemoração do Jubileu de Platina de seu reinado (o segundo mais longevo da história, perdendo apenas para o Rei Luíz XIV que reinou por 72 anos), a imagem da Rainha Elizabeth é um case de sucesso, estudada e comentada por muitos especialistas mundo afora. Ela, que ascendeu a trono aos 25 anos de idade após a morte prematura do seu pai e a anterior abdicação ao trono, do seu tio Edward VIII, se viu diante de um mundo destruído, uma Inglaterra capenga e a necessidade de mostrar que a monarquia ainda fazia sentido em existir diante de todo o caos que havia no mundo.

Assim foi, que já em seu discurso de coroação prometeu honrar o seu DEVER ao longo de toda a vida. Esse dever é, justamente, o de ser uma IMAGEM, uma ideia… é quase como que admitir viver um personagem para sempre, a fim de que toda uma nação pudesse crer que a monarquia é o que torna o Reino Unido um país estável, firme, forte e colonizador, como sempre.

Se assim como eu, você assiste The Crown com a dedicação de um estudante de história e acredita que é uma série documental (risos!), deve ter visto que problema não faltou para a cabeça dela ao longo desses 70 anos de reinado, mas foi justamente daí que nasceu essa estratégia de imagem tão sólida e que faz com que, mesmo hoje, em meio á tantas polêmicas e condutas duvidosas de seus familiares, a Rainha seja quase uma instituição à parte da monarquia e se mantenha inabalável no quesito carisma e simpatia.

As maiores 3 lições de marca pessoal com a Rainha Elizabeth II, segundo meu humilde olhar de consultora de imagem, são:

1 – Entenda o seu papel no ambiente que habita. Todo mundo já ouviu falar, pelo menos uma vez, que a monarquia é o glamour sem poder e o parlamento britânico é o poder sem glamour. Sim, fato. A Rainha não decide nada, seu papel ali é de consultora, mentora, conselheira dos ministros. E ela sabe disso. Logo, tendo consciência do seu papel, não compra embates pesados publicamente com a política do país, mas deixa seu posicionamento claro quando solicitado. Saber a hora de falar e limitar-se a uma determinada pauta é a base de uma comunicação eficaz.

2 – Roupa suja se lava em casa: quando digo que o reinado mais longo da história da Inglaterra tem muitos a nos ensinar sobre branding pessoal, é porque construir uma marca pessoal de sucesso passa – muitas vezes – por saber fazer gestão de crise. E isso Betinha sabe! Desde que casou e teve que dar um título ao próprio marido (que via de regra não podia ser príncipe, mas ela foi lá e deu um consolo pro moço pelo menos ser duque), até a morte da nora que ela não sabia se amava ou odiava, passando pelo filho adúltero e o neto que apareceu pelado numa festa, essa Rainha sabe que o barraco fica para as quatro paredes de casa e na imprensa você fala o precisa falar. Aquele bom e velho “faça o que tem de ser feito” para acalmar o ânimos dos súditos e em casa ela se resolve com a família.

Atualmente, com toda essa exposição de Harry e Megan, novamente vemos que a opção pelo silêncio, poucas e assertivas palavras quando muito importa, é a estratégia que se consolida e perdura no reinado da Rainha Elizabeth.

3 – Se mantenha fiel ao que acredita: Penso que se ela não fosse muito, mas muito, fiel aos seus valores e princípios, ja tinha jogado a toalha e pedido pra se aposentar há um bom tempo! Poder, ela tem, idade idem, então o que a faz permanecer nessa cadeira por tantos anos? A noção de DEVER! E isso é algo que percebo forte em toda grande marca e em pessoas onde a marca pessoal também é muito sólida.

Quando você tem estabelecido dentro de si os seus inegociáveis, sabe exatamente onde e como chegar. Esse comportamento provavelmente fará você se destacar dos demais no trabalho e mesmo na vida pessoal, ainda que implique em um filtro de pessoas com quem vai valer a pena dividir energia. Pode até parecer desafiador demais num primeiro momento, entretanto, o que mais vemos são pessoas infelizes em suas carreiras por não terem honrados seus valores e acabarem cedendo à pressão por cargos e status dentro de empresas que não oferecem tudo o que seria de fato importante.

Portanto, hoje é dia de parar e observar uma senhora que está há 70 anos ocupando o mesmo lugar com todo respeito e admiração que seria possível, ainda que ao seu redor já tenham passado uns 10 furacões, tsunamis e guerras. Ela soube se descolar desses outros personagens, deixando muito claro desde sempre quais eram os SEUS próprios valores e tendo atitudes coerentes com isso.

Das 3 lições de de marca pessoal com a Rainha Elizabeth II, eu tenho um apreço por essa última porque seria muito fácil ter tudo na mão e ceder aos próprios interesses, mas ela sempre se manteve fiel ao protocolo.

O reinado mais longo da história da Inglaterra tem muito a nos ensinar sobre branding pessoal, mas é também um case de lealdade!

Agora e contem: vocês também amam acompanhar essa família?