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Um ano depois, é possível aprender com uma pandemia?

Hoje, exatamente hoje, 16 de março de 2021 faz um ano desde o meu último dia de trabalho no que – agora – chamamos de “antigo normal”.

Lembro que acordei sabendo que havia uma pandemia no mundo, o cenário já era de incerteza e uma provável quarentena. A situação na Itália era caótica. No Brasil as autoridades estavam tentando entender o comportamento do vírus e enxergar maneiras de prevenir um caos semelhante ao que havia na Europa.

Dei uma palestra em comemoração ao Dia Internacional da Mulher e contei a minha trajetória de vida, encorajando mulheres a serem donas das suas histórias e protagonistas das mudanças que desejassem, usando a imagem e a autoestima como ferramenta para tanto. Tudo caminhava razoavelmente bem até que houve o anúncio da quarentena em São Paulo por meio de um lockdown severo que durou mais de um mês.

Eu literalmente fugi. O silêncio que tomou conta da cidade era desesperador. Por isso eu resolvi sair da cidade e passei 3 meses vivendo o isolamento social dentro do maior privilégio que eu poderia ter naquele momento, em um lugar com espaço.

Os primeiros dias foram os mais estranhos, em parte porque estávamos todos perdidos, achando que duraria uma semana e tudo bem e em parte porque o noticiário mostrava um cenário cada vez pior e que só prometia prorrogar a quarentena.

Assim aconteceu.

Lembro de longos dias em que eu não sabia o que fazer, minhas clientes desapareceram e eu também sumi de mim mesma. Passei a questionar o modus operandi da minha consultoria, como esse método que eu criei com tanto carinho e humanização poderia ser oferecido online, fora todos os questionamentos sobre a vida, o universo… sinto que foi um tempo de muito silêncio interno, com vocês também foi assim?

Aproveitei para estudar… fiz vários cursos que queria e que de fato agregaram muito valor não só ao trabalho, mas a minha vida pessoal.

Aproveitei para fazer algo que eu amo e estava de lado, que é escrever. Reativei a blogueira que existe em mim e voltei a usar minha primeira marca, que é o NADC.

Mas o que eu aprendi com a pandemia de covid-19? Além do básico, que é a nossa total falta de controle sobre os acontecimentos? Um ano depois, é possível aprender com uma pandemia que levou – e ainda leva – tantas vidas?

Algumas pessoas tem dito por aí que o cenário é tão ruim que nem da pra aprender nada. Eu discordo totalmente. Acredito que em todas as situações da vida, por mais complexas que sejam, podemos escolher olhar pra dentro e tirar lições.

Desde o primeiro dia eu olhei para a pandemia com medo, mas disposta a ver o que Deus queria me mostrar. E logo nos primeiros momentos as fichas começaram a cair:

Aprendi que não temos super heróis, temos apenas pessoas em nossas vidas e sobre elas não podemos depositar qualquer expectativa que seja.

Aprendi que o medo é um monstro que dorme e acorda de acordo com o seu grau de controle emocional. E é bastante desafiador coloca-lo para dormir.

Aprendi que o coletivo se perdeu. Crescemos e nos tornamos egoístas. A teoria de Bauman (sobre relacionamentos líquidos) se expande a tal ponto de não nos importarmos com a vida do outro, literalmente.

Aprendi que conviver com o diferente se tornou não só ingrediente de sabedoria e maturidade, mas de sobrevivência. Nesse cenário violento e devastador, não adianta gritar. É melhor conversar.

Aprendi que a nossa criatividade realmente fica aguçada na crise, dela nasce o poder da reinvenção e ele é diretamente proporcional a necessidade de sobreviver.

Aprendi o valor das lágrimas minha gente… chore! Aliviar a dor é fundamental em momentos como esse.

Aprendi que ficar em silêncio é, muita vezes, a melhor resposta que se pode dar. Para si e para o outro.

Aprendi que as pessoas mais importantes da nossa vida são aquelas cuja convivência também se mostra mais desafiadora. Aquelas com quem ficamos “presas” nessa pandemia, são justamente as que merecem atenção e empenho nosso para desenvolvimento do relacionamento.

Aprendi que a vida está mesmo por um fio e vivê-la de maneira abundante e satisfatória vai muito além de acumular coisas materiais.

Se você pegasse COVID hoje, estaria em paz com a sua morte?

Aprendi que as memórias que acumulamos ao longo da vida nos trouxeram até aqui e muitas vezes foram elas que nos impediram de avançar. Mas num momento como esse, ou deixamos memórias ruins no passado e nos curamos, ou ficaremos presas num eterno ciclo de infelicidade.

Aprendi que o feminino tem se perdido nessa necessidade de nos provarmos e conquistarmos espaços, mas é necessário que nós mulheres sejamos mais amigas da nossa essência. Não é ruim ser delicada, cuidadora, ter instinto de amor…

Aprendi que Deus ouve as orações mais “descabidas” que fazemos e promove a resolução que você precisa para a sua vida, desde que você realmente peça e queira isso com todo seu coração.

Aprendi que cada um só oferece aquilo que tem e portanto, independentemente do que o outro tenha a me dar, eu quero espalhar amor no mundo!

Aprendi que cuidar da saúde física e mental é como construir uma casa edificada no concreto, pode até se abalar mas sofre menos impacto.

Aprendi que empatia é uma das melhores qualidades que podemos ter, mas nem todos já entenderam isso. E enquanto não nos colocarmos no lugar do outro de verdade, não iremos sair dessa. Sim, eu acho que a pandemia veio para nos moldar à força, sobre o que são relações humanas.

Aprendi que ser sua prioridade vai além de se exercitar, é ter um tempo de qualidade para si. É realmente escolher fazer aquilo que lhe faz bem.

O que aprendi com a pandemia de covid-19 é que estamos nesse mundo de modo passageiro e a vida é uma só, não que isso deva justificar qualquer atitude inconsequente mas o melhor legado que podemos deixar é de fato viver uma vida com propósito, sendo e fazendo a diferença no mundo.

Um ano depois, é possível aprender com uma pandemia? Sim, quando queremos mudar e nos colocamos de maneira sensível a observação da vida, acredito que mudamos qualquer coisa que quisermos.

Não sei dizer como estaremos nos próximos 365 dias, mas eu quero e espero em Deus que além de mais saudáveis e protegidas, estejamos também mais conscientes e humanizadas.

 

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