De onde vem e o que podemos aprender com a tendência da moda romântica

Eu tenho estilo romântico na minha essência. E renego isso de várias maneiras: Não uso rosa claro, nem floral. Meu jeito de ser romântica é sendo boho e na própria personalidade sonhadora que tenho. Mas nas últimas estações está difícil manter esse distanciamento, dada a oferta exagerada de peças românticas! Já perceberam?

Isso tem explicação e ela tem um contexto histórico para entendermos melhor: O romantismo que a moda nos trouxe agora é BEM caricato, é aquele romantismo de meninas camponesas, cheias de babados, golas, mangas bufantes… é o romantismo renascentista. E daí a gente pode se perguntar o que esse romantismo tem de diferente do boho, por exemplo, que era super tendência até um tempo atrás.

Primeiro vale dizer que o renascentismo foi um período de grandes mudanças no mundo, já que com ele encerramos a Idade Média e passamos para a Idade Moderna. Primeira semelhança: estamos novamente passando por uma mudança de era.

Nessa época, o movimento artístico e cultural ganhou muita força, a razão era considerada manifestação do espírito humano que o aproximava de Deus, por isso foi um movimento QUESTIONADOR e que trouxe grandes avanços para a sociedade como um tudo. Podemos citar as obras de Leonardo Da Vinci, Danti Alighieri e Nicolau Copérnico como marcos do renascimento ao longo dos seus 4 períodos. E, como sabemos, a arte comumente está ligada a movimentos sociais que representam a expressão e desejo das pessoas (eu ía falar de povo, mas no caso do renascimento a burguesia teve grande importância, já que foi o momento em que passou a ter poder e a circular por esferas sociais antes restritas aos nobres e, burguesia não é bem povo né?).

Teorias criadas no Renascimento basearam comportamentos e valores que perduraram até agora em nossa sociedade. Contudo, lembrando ali da primeira semelhança, passamos novamente por uma mudança de era e o Renascimento inspira o movimento global que desmonta a modernidade e carrega um peso grande conservadorismo, contrapondo o fato de que a nova era é também conhecida como a era de aquário, o signo mais questionador do zodíaco.

Se por um lado a moda tenta resgatar a mulher delicada, cuja principal preocupação é cuidar dos filhos e da família (espremida por corpetes e mangas bufantes) por outro, nos lembra que esse romantismo todo fazia parte de um dos momentos mais importantes da historia, onde questionamos tudo e trouxemos a ciência para o centro das atenções, desenvolvemos e criamos soluções para um mundo moderno, criativo, que facilitaria nossas vidas e nos daria a oportunidade de trabalhar para alcançar objetivos e ascender socialmente – o que não acontecia antes da Revolução Industrial.

Ciência essa, que hoje tem sido colocada à prova na tentativa de colocarmos as conquistas humanas num patamar de descrédito, para que o propósito do resgate de valores tradicionais (e porque não dizer, medievais) seja cumprido. Ao contrário do que aconteceu na transição Idade Média – Idade Moderna, o movimento que acontece agora quer tirar do homem o poder que lhe foi dado pela expansão da consciência e da razão…

Mas não é tarde pra isso? Vivemos uma mudança completa de comportamento… e parafraseando Darwin: “não é o mais forte que sobrevive, mas o que melhor se adapta.”

E se você acha que moda não tem nada a ver com política… melhor rever seus conceitos.

Esse post continua, numa série de 3 sobre história da moda e a tendência do renascimento.

PS: Assistir o filme A Outra pode te ajudar a entender um pouco do visual renascentista.