Como a moda romântica renascentista pode ser usada na atualidade

Semana passada eu fiz o primeiro post dessa série, para que a gente entenda direitinho de onde vem as tendências e como elas comunicam muito mais que um comportamento de consumo, mas também uma atitude social. Então, se você não leu o primeiro post, pode clicar aqui e ver o que significa a moda romântica e porque nesse momento específico, vivemos influência do romantismo renascentista.

Lembrando que o Renascimento foi um movimento que surgiu no final da Idade Média, em Florença na Itália, e provocou grandes mudanças de pensamento, trouxe descobertas pro mundo e marcou o começo da Idade Moderna, que foi a que vivemos até 2019 – mais ou menos.

Nesse período a indumentária renascentista era bem característica e peculiar. Nunca mais vimos “looks” tão caricatos como os desse período. O exagero e os adornos eram muito presentes nesse período, o Rei Henrique VIII usava roupas abarrotadas de pedras preciosas para reforçar o seu status de príncipe mais cobiçado da Europa renascentista e estabeleceu a tendência do consumo ubíquo. (fico pensando que ele deveria ser um super boy lixo ostentação e mimado hein? #julguei)

Após a redistribuição das terras eclesiásticas com a dissolução dos monastérios, novas famílias enriqueceram e, ansiosas para se mostrar dignas do adjetivo “nobre” apropriaram-se dos trajes da elite elegante, que incluía peças extravagantes, enfeitadas e cravejadas de jóias. Não existia consumo consciente, pelo contrário, a roupa era boa parte dos gastos de uma residência burguesa, que precisava se provar naquela sociedade.

Os homens tiveram sua própria silhueta bastante desenhada e destacada no período renascentista, o que não se repetiu ao longo dos séculos. Aqui, ao contrário do que temos como padrão de imagem masculina, marcar o corpo e usar acessórios era algo essencial, chapéus e sapatos de bico fino eram rotina no vestuário masculino.

Já os trajes femininos consistiam num vestido longo com saia em forma de cone e cauda, sobre uma bata e uma camisola de linho junto à pele (suei só de pensar). A saia poderia ter uma fenda para mostrar uma anágua decorativa.

O corpete possuía decote quadrado (alô! voltamos com isso em 2020), adornado com laços de fitas finas e jóias. As mangas eram amplas e bem largas no pulso, exibindo uma segunda manga trabalhada anexa à bata. A cintura alta descia gradualmente até a natural. Uma variedade de chapéus, toucas, véus, capuzes, redes de cabelo eram usados na cabeça, variando a depender da região. Os calçados eram rasteiros e de bico quadrado (em que momento inverteram isso e a gente ficou com o bico fino, que só aperta nosso pé?).

A partir de 1550 algumas coisas mudaram e as mangas tornaram-se apertadas do pulso até o cotovelo, com ombros bufantes e/ou aberturas exibindo inserções coloridas. Cintos de tecido ou corrente (e você achando que cinto de corrente veio só dos anos 90 mesmo) eram usados com um pingente, bolsa ou livro de oração suspenso da altura da cintura até o joelho. A cor predominante no dia-a-dia era o preto. Veludos, brocados e sedas combinados a pérolas, rubis, diamantes e outras pedras preciosas passeavam pela Europa. Começam aparecer as blusas de gola alta e decotes preenchidos por peças de linho bordadas.

Agora bora ver como é que isso se (re) apresenta em 2020?

O decote quadrado é uma maneira de trazer sensualidade ao nosso look, assim como o ombro a ombro, pois na antiguidade o colo era uma parte do corpo feminino que comunicava apelo sexual (em algumas culturas ainda é assim), e como essa era a única parte do corpo que estava de fora, o uso de joias no pescoço e brincos era parte da construção de uma imagem de riqueza. Com a burguesia emergindo, as mulheres dessa classe precisam mostrar ali o que possuíam de bens e o status social que alcançavam.

A gola alta e engomada do renascimento (a descoberta do amigo trouxe essa estrutura para o visual), os babados e os ombros volumosos são elementos sempre presentes, o instagram está cheio de lojas vendendo essa tendência! Percebem como as coisas voltam, mas de fato, adaptadas aos novos tecidos, tecnologias e informações que a atual sociedade pede?

Hoje temos uma grande oferta de looks que trabalham essa moda romântica com características do renascimento, se ele fizer sentido com a sua essência, com o que você gosta de mostrar ou esconder do seu corpo, se valoriza seu biotipo e principalmente, se é uma roupa que você vai se sentir linda para você, e nação para os outros, vale a pena a aproveitar a temporada e garantir peças com esse DNA e assim usar a moda a seu favor!